domingo, 30 de outubro de 2016

Dom Bosco e a "reforma" protestante


Nesta época foi a Igreja tão fortemente combatida, que parecia já tivesse chegado o tempo do Anticristo; porém, não obstante isto, conseguiu novos triunfos. Acomete-a um dilúvio de hereges, e muitos de seus ministros, em vez de defendê-la, se rebelam contra ela e abrem-lhe profundas feridas. Unem-se a estes os Príncipes seculares que a oprimem com o ferro, com a devastação e o sangue. O demônio se esconde debaixo do manto de sociedades secretas e de uma filosofia mundana e sedutora, mas falsa e corruptora: excita rebeliões, e suscita perseguições sanguinolentas. Deus porem, desvanece os esforços do inferno e os faz servir para sua glória. Novas ordens religiosas, missionários incansáveis, pontífices grandes pela santidade, zelo e sabedoria, unidos todos em um só coração e em uma só mente, e fortalecidos pelo braço do Todo Poderoso defendem heroicamente a verdade e levam a luz do Evangelho até os últimos limites da terra, conseguindo a Igreja novas conquistas e ainda mais gloriosas vitórias.


Lutero



Lutero foi o primeiro a levantar a bandeira da rebelião contra a fé católica, e foi o principal autor dos males que amarguraram a Igreja neste tempo. Com seu sistema perverso de submeter a palavra de Deus ao exame e juízo de cada um, causou mais dano à religião católica, do que todos os hereges da idade passada; de maneira que, com justiça, se pode chamar este apóstata, o primeiro precursor do Anticristo. Nascido em Eisleben Saxônia, e filho de um pobre mineiro manifestou desde sua mais tenra idade, um gênio muito atrevido. A morte de um condiscípulo, que caiu a seu lado fulminado por um raio, induziu-o a entrar na ordem de santo Agostinho. Por algum tempo pareceu mergulhado em profundas meditações, e agitado por escrúpulos e temores; porém, descobriu finalmente o orgulho que se abrigava em seu coração; declarando-se contra a autoridade do pontífice romano, saiu do claustro e já não houve meio de dominá-lo.


Oprimir aos outros com calunias e tiranias, ridicularizar e desprezar das coisas mais augustas e santas; soberba, desregramento, ambição, petulância, cinismo grosseiro e brutal, crápula, intemperança, desonestidade, eis os dotes característicos deste corifeu do protestantismo. * ( * ) No ano de 1869 levantaram-lhe na Alemanha uma estátua qual insígne benfeitor da humanidade!!! No ano 1517, começou a pregar contra as indulgências, portanto, contra o Papa e progredindo na impiedade, formulou uma doutrina que, quer se considere em si mesma, quer em suas consequências lógicas e práticas, contamina tudo o que é sagrado, destrói a liberdade do homem, faz a Deus autor do pecado, e reduz ao homem ao estado dos brutos.


Entre suas impiedades, é bastante lembrar que, conforme ele afirmava, o homem mais virtuoso, se não acredita firmemente achar-se entre os eleitos, é condenado; e que pelo contrário, o homem mais miserável, irá diretamente ao paraíso, se acredita unicamente que há de salvar-se pelos merecimentos de Jesus Cristo. Tão abominável doutrina foi condenada logo pelo Papa Leão X; todavia Lutero mandou atirar ao fogo publicamente a bula. As Universidades católicas e todos os doutores clamaram contra aquela impiedade e heresia; mas Lutero desprezou-os, e persistiu em sua revolta. Ainda que ligado por votos solenes, casou-se com Catarina de Bore, religiosa de um mosteiro de Mísnia. Teve desgraçadamente muitos sectários, que, sob o nome de protestantes, tomaram armas e devastaram todas as regiões onde lhes foi dado penetrar. Levavam escrito em seus estandartes: Antes turcos que papistas.


Ao pensar algumas vezes nos grandes males que causava a nova reforma exclamava: "Só tu serás douto? Todos os que te precederam enganaram-se? Tantos séculos tem ignorado o que tu sabes? Que acontecerá se te enganas e arrastas contigo a tantos para a condenação?" Eram estes os gritos de sua consciência que, a seu pesar, protestava contra suas impiedades; contudo não bastavam para fazê-lo voltar ao bom caminho.



Calvino



Foi Calvino um célebre sectário de Lutero, natural da Picardia; mas, antes de se associar a ele, preferiu fazer-se chefe de outro protestantismo. Filho de pobre seleiro e falto de recursos, foi socorrido por um bispo, que compadecido dele, o fez seguir a suas expensas a carreira dos estudos. Esperava conseguir um benefício eclesiástico; como, porém, lho negassem por seus desenfreados costumes protestou que tomaria vingança e que daria que falar por quinhentos anos. Seguindo as pegadas de Lutero adotou completamente suas máximas perversas. Não queria Papa nem bispos, nem sacerdotes, nem festas, nem funções de igreja. Na cidade de Noyon foi condenado por ter cometido um delito nefando, e somente graças à intercessão do bispo, comutaram essa pena na de ser marcado com um ferro ardente. Acumulando depois delitos sobre delitos, devia ser levado preso, porém descendo por uma janela, trocou sua roupa com a de um camponês, e fugiu.


Enquanto fugia, encontrou-se com um sacerdote que o exortou a que reparasse o dano que causara a si mesmo e voltasse ao seio da Igreja católica; ele respondeu-lhe: "Se tivesse de recomeçar não deixaria a religião dos meus pais, porém agora já estou empenhado e quero continuar até a morte." Estabeleceu residência especialmente em Genebra, que foi o centro da sua seita, e ali procedeu como verdadeiro tirano. Negando aos outros o direito que se arrogara de alterar e corromper a doutrina católica, fez morrer nas chamas a Miguel Servet, porque tinha ensinado uns erros contrários ao mistério da SS. Trindade. Por suas tiranias foi expulso de Genebra, mas à força de enredos, conseguiu voltar e mandar a seu bel prazer. Como avassalasse todas as categorias de cidadãos, governou a cidade despoticamente e prorrompeu em impiedades contra a religião, até que chegou também para ele o tempo de apresentar-se ante o juiz supremo. Surpreendido por uma enfermidade ulcerosa, exalavam seus membros um mau cheiro insuportável.


Frenético e enraivecido contra sua doença invocava os demônios para virem livrá-lo. Mas aumentando cada vez mais suas angústias, detestava a vida passada e amaldiçoava sua doutrina e seus escritos. Em semelhante estado de desespero, compareceu a presença de Jesus Cristo juiz, para dar-lhe contas dos milhões de almas que por sua causa já se tinham perdido eternamente e das que ainda se iam perder. Ano 1564.


- História Eclesiástica de Dom Bosco (Quinta época)
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