Biografia

Biografia de São Pio

de Pietrelcina

INTRODUÇÃO 



São Padre Pio de Pietrelcina é um dos maiores místicos de nosso tempo. Nos ensinou o amor radical ao Coração de Jesus e a sua Igreja. Sua vida era oração, sacrifício, pobreza, obediência.

Herdeiro espiritual de São Francisco de Assis, foi o primeiro sacerdote a ter impresso sobre o seu corpo os estigmas da crucificação de Jesus Cristo. Ele é conhecido em todo mundo como o “ Frei ” estigmatizado.

Padre Pio, a quem Deus deu dons particulares e carismas, se empenhou com todas as suas forças pela salvação das almas. Os muitos testemunhos sobre a grande santidade do Frei, chegam até os nossos dias, acompanhados de sentimentos de gratidão. Suas intercessões providencias junto a Deus foram para muitos homens causa de cura do corpo e motivo de renovação do espírito.

A vida mística consiste nas relações espirituais da criatura com seu Deus Criador, de caráter mais íntimo do que o comum, e que se manifesta de muitas maneiras, sobre tudo com êxtases, aparições, revelações de caráter particular.

BIOGRAFIA

Francesco Forgione ( Padre Pio) nasceu no seio de uma humilde e religiosa família, no dia 25 de maio de 1887 às 5:OO hs da tarde, hora em que os sinos da Igreja tocavam para chamar a todos os fiéis a honrar a Virgem Santíssima em seu mês.

Padre Pio nasceu em uma pequena aldeia do Sul da Itália, chamada Pietrelcina, uma pequena vila a 12 km de Benevento.
Seus pais, Grazio Forgione e Maria Giuseppa di Nunzio Forgione, ambos agricultores, viviam no setor mais pobre de Pietrelcina.

Grazio, como tantos camponeses, havia ido várias vezes à América para buscar o necessário à família; mamãe Peppa costurava de manhã até a noite, como todas as mães do vilarejo. Ambos eram analfabetos, mas tinham uma grande fé e um bom senso prático, que ensinava aos filhos. Tiveram sete filhos, dos quais quatro faleceram muito cedo.

A infância de Padre Pio era diferente dos outros, tanto que logo o Senhor demonstrava Seu desígnio extraordinário. Talvez isso pudesse dar à mentalidade moderna, a idéia de conhecer pessoas semelhantes a nós, com defeitos, com grandes conflitos e que mesmo assim seguem seu caminho de ascensão.

Não nos esqueçamos de que os santos são, antes de tudo, obras-primas da Graça, e também dão sua resposta ao chamado, livremente; por tantas vezes, além de todo exemplo que nos deixam, e nos quais são inimitáveis, devemos admirar o desígnio extraordinário de Deus, totalmente único e inimitável. Deus deu a Padre Pio o dom de desígnios particulares:
Os fatos extraordinários que começaram a prepará-lo desde a primeira infância.

Na rústica Igreja de Sant’Anna encomendaram a proteção de seu recém nascido a São Francisco de Assis, por esta razão o batizaram com o nome de Francesco no dia seguinte de seu nascimento. Nome que se revelava profético pela opção de vida franciscana, abraçada no futuro por aquele menininho.

Da infância e meninice de pequeno Francesco, sabemos que era muito obediente, tanto que seus pais nunca tiveram a necessidade de repreendê-lo; sempre demonstrou ser um grande apaixonado pela oração e absolutamente intolerante às más palavras e, ainda mais, às blasfêmias, infelizmente comuns na boca das suas jovens companhias.

Aos doze anos, Francesco recebeu a Crisma, novamente na Igreja Sant’Anna, em 27 setembro de 1899; aliás, a mesma onde recebeu a Primeira Comunhão.

Desde muito menino Francesco experimentou em si o desejo de consagrar-se totalmente a Deus e este desejo o distinguia de seus coetâneos. Tal “diferença” foi observada por seus parentes e amigos. Narra a mamãe Peppa: “ Não cometeu nunca nenhuma falta, não tinha caprichos, sempre obedeceu a mim e a seu pai, a cada manhã e a cada tarde ia à igreja visitar a Jesus e a Virgem. Durante o dia não saia nunca com os seus companheiros. Às vezes eu dizia: – “ Francì vá um pouco a brincar ”. Ele se negava dizendo: – “ Não quero ir porque eles blasfemam ”.

O Inicio de suas experiências extraordinárias

Do diário do Padre Agostinho, o qual foi um dos diretores espirituais de Padre Pio, soube que desde 1892 quando tinha apenas cinco anos, viveu já suas primeiras experiências místicas espirituais. Os êxtases e as aparições foram freqüentes, e já começava a sua luta contra o demônio, que também se tornou freqüentemente visível, de modo obsessivo e assustador. Mas para ele pareciam serem absolutamente normais pensando que fosse um acontecimento comum a todos, por isso não falava sobre eles.

Foi um menino muito sensível e espiritual, calado, diferente e tímido, muitos dizem que a tão pouca idade já mostrava sinais de uma profunda espiritualidade. Era piedoso, permanecia longas horas na Igreja depois da missa. Pedia ao sacristão para que lhe permitisse visitar ao Senhor na Eucaristia, nos momentos nos quais a Igreja permanecia fechada.

As aparições eram do Anjo da Guarda, de Jesus, de Maria, e até outros; os demônios, geralmente, apareciam sob formas bestiais, pavorosas e ameaçadoras. Esse tormento, embora significativo, da aparição dos demônios e o conforto das aparições divinas foi uma característica quase cotidiana para Padre Pio, pelo menos até o desaparecimento dos estigmas.

Mas seu pai, percebendo sua inteligência e seu desejo, forçou-o a estudar. Aos quinze anos havia terminado o terceiro colegial; já havia decidido ser sacerdote e, tinha decidido também entrar nos “frades com barba”, porque era admirador do bom frade Camillo, um irmão de longa barba negra, que andava pedindo esmolas pelas redondezas de Pietrelcina.

Mas como havia amadurecido aquela decisão? Aqui começamos a entrar na via extraordinária pela qual o Senhor conduziu Padre Pio. O amor à oração, somado ao amor à penitência ajudaram, tanto que ainda pequeno, algumas vezes sua mãe o surpreendeu enquanto se flagelava na " pequena torre" um cômodo a parte da casa onde era um dos refúgios do pequeno Francesco Forgione.

Há dois grandes acontecimentos na vida de Padre Pio, aos quais sempre atribuiu grande importância e sobre os quais comentou, freqüentemente, com seu diretor espiritual. Ambos acontecidos no ano de 1903, por volta de seus 15 anos, pouco antes de sua entrada aos capuchinhos.

PRIMEIRO ACONTECIDO - A luta contra um gigante.

Os dias antes de entrar ao seminário foram dias de visões do Senhor, que lhe preparariam para grandes lutas Espirituais. Jesus lhe permitiu ver o campo de batalha, os obstáculos e inimigos.

Francesco viu perto dele um homem de grande esplendor, belíssimo que o convida: ”Vem comigo, porque é conveniente lutar com um guerreiro valoroso.“

Ele o acompanhou até um campo que parecia infinito e encontrou dois grupos de pessoas assim: De um lado havia homens radiantes, com vestiduras brancas e muito belas; ao outro lado, estavam pessoas que se pareciam com imensas bestas espantosas, horripilantes com vestes de cor preta. Era uma cena aterradora e os joelhos do jovem Francisco começaram a tremer.

Repentinamente Francesco se viu caminhando ao encontro de um homem gigante horrível, que sua cabeça chegava às nuvens.

O Homem esplendoroso estimulou Francesco a lutar contra aquele gigante; Francesco pediu para evitar aquele confronto, mas o Homem esplendoroso disse: “É vã a sua resistência. Entre nessa luta com confiança e combata corajosamente; você deve lutar contra ele. Diante dos acontecimentos, entre nesta luta com confiança e lute bravamente; Eu estarei perto de você, o ajudarei e não permitirei que ele te vença”.

O combate foi muito terrível, mas com a ajuda do Homem esplendoroso, o gigante foi vencido e obrigado a fugir arrastando, atrás de si, toda aquela multidão de homens asquerosos, gritando blasfêmias e brados atordoados. Do outro lado, a multidão das pessoas de branco, explodiram de alegria e júbilo louvando o Homem esplendoroso que havia ajudado Francesco naquela luta.

Foi neste intervalo que o Homem esplendoroso colocou na cabeça de Francesco uma coroa belíssima; removendo-a disse: “Tenho reservada para você uma outra coroa, mais bela, se você souber como lutar nos encontros contra aquele gigante. Ele tornará a assaltá-lo sempre, mas você deve combater sem medo, Eu o farei sempre vencedor porque você o fará se prostrar sempre”.

Toda a vida de Padre Pio foi uma contínua luta contra o demônio (o gigante) que atacava sempre o padre Pio para impedi-lo de salvar as almas. Era uma batalha interior freqüente; algumas vezes, também um ataque externo. Quando o padre ficava exausto, cheio de marcas das pancadas, vinham seus confrades socorrê-lo, ele sempre confessava: “Obrigado! Com a ajuda divina, eu sempre venço!”. Esse acontecimento foi uma prévia muito significativa de toda a luta na vida de Padre Pio.

Um segundo acontecimento, logo após o primeiro, mas também antes que Francesco ingressasse aos capuchinhos. É mais difícil falar deste, porque com relação a ele, o padre foi sempre bastante reservado. Disse e escreveu unicamente o essencial, porque para ele era um acontecimento bastante particular, “uma grande missão”. Mas nunca especificou do que se tratava. “Uma missão grandiosíssima, importante somente para Ti e para mim”. Escreveu isso em uma oração pessoal. Talvez, algum sinal; um exemplo foi a grande insistência com que pediu aos superiores de ser indicado para o ministério da confissão.

Estas são as duas visões que deram sinal profundo na vida de Padre Pio. Na sua luta contra Satanás revivia, sempre, aquele confronto com o gigante. E tem sempre presente “a missão grandiosíssima” que o Senhor lhe havia mostrado; será uma recordação que o suportará na dura luta da longa vida, por causa do atroz sofrimento, como os estigmas, nas ocasiões de calúnia e dos endossos canônicos: oferecia tudo ao Senhor como execução daquela missão. Será esse o segredo de sua inalterada serenidade?

Realismo e esperança foi como escreveu para duas filhas espirituais, Maria Garzani e Raffaela Cerase.

“Não tema perseverar na tempestade, pois o pequeno barco do teu espírito não andará mais submerso. O céu e a terra mudarão, mas a palavra de Deus que assim assegura a quem obedece cantar a vitória, não mudará, permanecerá sempre escrita no indelével livro da vida: Eu existirei sempre” (Ep. III)

“Temos sempre diante dos olhos que a Sua terra é um lugar de combate e que no paraíso se reservará a coroa; que aqui é um lugar de prova e o prêmio se reserva lá em cima; que aqui estamos em exílio e a nossa verdadeira pátria é o céu e que necessita de contínua aspiração. Portanto, vivamos com a fé, a esperança firme e com ardente afeto até que saiamos vitoriosos, para poderemos um dia, quando Deus desejar, habitarmos com Ele” (Ep. II).

31/12/1969

As lutas de Padre Pio com o demônio

O demônio após ter sido expulso do paraíso por São Miguel e seu anjos e sendo precipitado na terra (Apocalipse 12, 7-12) continua existindo; o seu papel ativo, não pertence ao passado e nem é uma fantasia popular. O diabo continua ativo hoje mais do que nunca, induzindo os homens ao pecado e à perdição.

A principal atividade de Satanás, nos tempos de hoje é fazer com que as pessoas não acreditem na sua real existência e, assim, não rezem e nem peçam a proteção do alto. Com o caminho livre o inimigo faz desastres na humanidade sem ser percebido e combatido. Mas Deus na sua infinita Misericórdia fez com que ele se mostrasse ao mundo revelando suas táticas de ataque sobre o homem como aconteceu com o padre Pio e outros santos.

Pe. Pio travou “ duros combates ” em toda sua vida, mostrando à humanidade, o poder dado por Jesus aos sacerdotes em seu ministério sacerdotal sobre o inimigo, principalmente no sacramento da Confissão, na Santa Missa, nos exorcismos, libertando as pessoas do inimigo. Tais batalhas foram brigas sangrentas, como foi escrito em muitas cartas que Pe. Pio enviava aos seus diretores espirituais.

As lutas entre Padre Pio e Satanás ficaram mais duras quando Padre Pio livrou as almas possuídas pelo diabo. Mais de uma vez, falou ao Padre Tarcísio de Cervinara que, antes de ser exorcizado, o diabo gritava: “ Padre Pio você nos dá mais preocupação que São Miguel ” e também: “ Padre Pio, não aliene as almas de nós e nós não o molestaremos ”. O diabo submeteu Padre Pio à tentações em todos os sentidos.

Padre Agostino confirmou que o diabo apareceu a ele de diferentes formas: “ O diabo apareceu como meninas jovens que dançavam nuas, em forma de crucifixo, como um jovem amigo dos monges, como o Pai Espiritual, como o Padre Provincial, como Papa Pio X, como o Anjo da Guarda, como São Francisco e como Nossa Senhora. O diabo também apareceu nas suas formas horríveis, com um exército de espíritos infernais. Às vezes não havia nenhuma aparição, mas Padre Pio estava ferido, ele era torturado com barulhos ensurdecedores, cuspido. Padre Pio teve sucesso livrando-se destas agressões ao invocar o nome de Jesus.

Uma noite de verão em que ele não conseguia dormir por causa do grande calor ouviu o barulho dos passos de alguém, que no quarto vizinho, caminhava para lá e para cá. “ O pobre Anastásio não pode dormir como eu. ”, pensou Pe. Pio. " Quero chamá-lo, pois, pelo menos conversamos um pouco ". Ele foi até a janela e chamou o confrade mas sua voz permaneceu presa na garganta: No parapeito da janela vizinha, um monstruoso cão se apoiava. Assim contava o próprio Pe. Pio: “ Vi horrorizado entrar pela porta um enorme cão feroz de cuja boca saia muita fumaça. Eu caí de bruços na cama e ouvi o que ele dizia: “ É este, é este ! ” " Ainda naquela posição vi a fera pular sobre o parapeito da janela e de lá lançar-se sobre o telhado da frente para em seguida desaparecer".

Amor pela Santíssima Virgem 

Toda sua vida não foi outra coisa que uma contínua oração e penitência, aquela do Rosário sua predileta oração, assim como de muitos Papas principalmente João Paulo II, este consagrado a Maria (Totus Tuus – todo teu). Com esta oração não impedia que semeasse a seu redor felicidade e grande alegria entre aqueles que escutavam suas palavras, que eram cheias de sabedoria ou de um extraordinário senso de humor.

Através de suas cartas, ao confessor se descobrem indescritíveis e tremendos sofrimentos espirituais e físicos, seguidos de uma felicidade inefável derivada de sua íntima e continua união com Deus.

Chegava a padre Pio uma multidão de peregrinos de todo o mundo e, além disso, recebia numerosas cartas pedindo oração e conselho. O Papa João Paulo II, em 1947, quando era um sacerdote recém ordenado foi visitar ao padre Pio e ficou profundamente impressionado por sua santidade. Já sendo Papa visitou sua cripta.

Os Dons extraordinários: 


1) Discernimento extraordinário: É a capacidade de ler os corações e as consciências dos penitentes.

2) Profecia: Pode anunciar eventos do futuro.

3) Curas: Curas milagrosas pelo poder da oração.

4) Bilocação: Estar em dois lugares ao mesmo tempo.

5) Perfume: O sangue de seus estigmas tinha fragrância de flores.

6) Ierognosia: Padre Pio tinha poderes para reconhecer se um homem era um Padre e se os objetos que lhe apresentavam já tinham sido abençoados.

7) Estigmas: Recebeu os estigmas no dia 20 de setembro de 1918 e os levou até sua morte 50 anos depois (23 de setembro, 1968). Os médicos que observaram os estigmas do padre Pio não puderam fazer cicatrizar suas chagas nem dar explicação delas. Calcularam que perdia um copo de sangue diário, mas suas chagas nunca se infectaram. O padre Pio dizia que eram um presente de Deus e uma oportunidade para lutar, para ser mais e mais como Jesus Cristo Crucificado.

Padre Pio sempre caminhou retamente, não permitindo-se luxos nem nada que lhe pudesse desviar de sua relação com Jesus. Aos 16 anos de idade, Francesco Forgione (Padre Pio) havia adiantado o suficiente para entrar ao seminário; seria frade capuchinho. Ingressou na Ordem Franciscana de Morcone no dia 6 de janeiro de 1903.

Além da dor de separar-se da família e de seu vilarejo, não desistiu do sonho de entrar para o noviciado mesmo diante da luta interior: teve uma “ visão espiritual ” através da qual compreendeu que sua vida religiosa seria marcada pela luta com aquele gigante; tanto que ficou claro este ser o único passo da grande missão para a qual Deus o chamava.

Quinze dias depois de sua entrada, no dia 22 de janeiro de 1903, Francesco Forgione recebeu o hábito franciscano que está feito em forma de uma cruz e percebeu que desde esse momento sua vida estaria “ crucificada em Cristo ”. Tomou, Além disso, por nome religioso, Frei Pio de Pietrelcina em honra a São Pio V. A Fraternidade Capuchinha na qual ingressou era uma das mais austeras da Ordem Franciscana e uma das mais fiéis à regra original de São Francisco de Assis.

O início da vida religiosa do Padre Pio não foi brilhante. Excelente no comportamento, assim como na obediência, na jovialidade e no companheirismo, porém, freqüentemente estava doente e seus sintomas sempre tinham aspectos estranhos. No geral, era mais eficiente do que mais brilhante. E seus companheiros recordavam que ele, quando era interrogado, sabia sempre a lição. Mas testemunharam também que ninguém, nunca, o viu estudar.

Também durante os anos de teologia, quem entrasse em sua cela surpreendia-o em oração. Não é que se recusasse a estudar; mas apenas abria o livro e rapidamente sentia-se absorto, pensando em Deus, pensando que era constante. É inútil procurar outro motivo: Padre Pio viveu pela oração; a oração era seu ar, sua vida. Já antes de entrar no convento estava sempre absorto em Deus, e assim continuou a ser, mesmo falando com as pessoas ou fazendo outras coisas também, sem se distrair.

O jejum e a penitencia eram práticas habituais. O frade Pio abraçou todas as formas de auto privação, comendo sempre muito pouco, em uma ocasião se alimentou unicamente da Eucaristia por 20 dias e ainda que fraco fisicamente se apresentava nas aulas com declarada alegria. “ Sou imensamente feliz quando sofro, e se consentisse nos impulsos de meu coração, pediria que Jesus me desse todo o sofrimento dos homens ”.

Com o passar dos anos, os distúrbios de saúde foram se agravando tanto que os médicos, percebendo serem inúteis os diversos tratamentos, decidiram que o frei fosse mandado a Pietrelcina, acreditando que sua saúde sofreria melhoras na terra natal. Não havia dúvida que o ar de seu vilarejo lhe faria bem, mas também se constatou um estranho sintoma, que ninguém jamais explicou e que foi um verdadeiro quebra-cabeça, mesmo para o Padre Pio e para seus superiores.

A situação estava assim: em Pietrelcina, Padre Pio, devido à debilidade de saúde, não podia comer qualquer coisa e se sustentar; assim como estava antes, parecia que seu estômago rejeitava qualquer alimento, vomitava tudo, não podia deter nem mesmo uma colher de água; por isso os superiores sentiram-se obrigados a mandá-lo de volta à sua terra natal (Benevento); com dificuldades ia se colocando de pé, enquanto o distúrbio cessava lentamente.

A Primeira Bilocação

Em 1905, apenas dois anos depois de haver entrado ao Seminário, o frade Pio experimenta pela primeira vez a bilocação. Rezando, acompanhado de outro frade no coro, uma noite fria de janeiro, ao redor das 23:00 hs, se encontrou a si mesmo muito longe, em uma casa muito elegante na qual um pai de família agonizava no mesmo momento que sua filha nascia. Nossa Santíssima Mãe apareceu ao frade Pio dizendo-lhe: “ Encomendo esta criatura a teus cuidados; é uma pedra preciosa sem polir. Trabalha nela, faça-a brilhar o mais possível, porque um dia quero me adornar com ela ”. Ao que ele respondeu: " Como pode ser isto possível se sou um pobre estudante, e todavia nem sequer sei se terei a fortuna de chegar a ser sacerdote ? E se não chegar a ser sacerdote, como poderei ocupar-me desta menina estando tão longe ? ” A Virgem lhe respondeu: “ Não duvides. Será ela quem virá a ti, mas a conhecerás de antemão na Basílica de São Pedro ”. Imediatamente se encontrou de novo no coro onde havia estado rezando minutos antes.

Dezoito anos mais tarde esta menina se apresentou na Basílica de São Pedro, agoniada e buscando a um sacerdote com quem pudesse confessar-se e receber direção espiritual. Já era tarde e a Basílica ia fechar, olhou ao seu redor e viu um frade entrar no confessionário e fechar a porta. A jovem se aproximou e começou a compartilhar seus problemas. O sacerdote absolveu seus pecados e lhe deu a bênção. A jovem em agradecimento quis beijar-lhe a mão, mas ao abrir o confessionário só encontrou uma cadeira vazia.

Um ano depois, a jovem foi em peregrinação a San Giovanni Rotondo, Padre Pio caminhava por entre os peregrinos e ao ver a jovem entre eles, a chamou dizendo: “ Eu te conheço, tu nascente no dia em que teu pai morreu .” A jovem, surpreendida, esperou largo tempo para poder se confessar com o padre e acalmar suas inquietudes.

Padre Pio a recebe no confessionário com estas palavras: “ Minha filha, tens vindo finalmente; estou esperando tantos anos por ti! ” A jovem ainda mais surpreendida lhe disse que ele estava equivocado, sendo esta a primeira vez que ela visitava San Giovanni. Ao que padre Pio respondeu: “ Tu me conheces, viste a mim no ano passado na Basílica de São Pedro ”. A jovem se converteu em sua filha espiritual, obedecendo sempre a seus conselhos. Se casou e formou uma sólida e exemplar família cristã.

De regresso a sua terra natal – Pietrelcina

Foram quase sete anos que Padre Pio passou em Pietrelcina, de 1909 a 1916, com um contínuo vai-e-vem, de um convento para outro, na esperança de poder se firmar, mas inutilmente. Apenas ficava um pouco melhor e os superiores se apressavam em mandá-lo a outro convento; mas, de repente, bastava qualquer distúrbio no estômago para que os superiores o mandassem de volta ao vilarejo. Podemos imaginar o imenso incômodo para Padre Pio, que desejava com toda a sua alma poder viver a vida conventual, e sendo sempre forçado a abandoná-la; aumentava também o grande desafio de seus superiores, que não sabiam a que destinar aquele frade, que rapidamente adoecia, em qualquer lugar aonde o mandassem. Enquanto isso, como se desenrolava a vida do padre Pio? Muita oração, uma contínua meditação da dilaceração, da Paixão do Senhor, muitas lágrimas, ao ponto de lhe embaçar a visão.



Ordenação Sacerdotal. 


Todavia, continuou seu itinerário teológico, e no dia 10 de agosto de 1910, padre Pio é ordenado sacerdote na Catedral de Benevento, Itália. Na tarde daquele dia, escreve esta oração:

" OH, JESUS, MEU SUSPIRO E MINHA VIDA, TE PEÇO QUE FAÇAS DE MIM UM SACERDOTE SANTO E UMA VÍTIMA PERFEITA. "

Ao finalizar a Santa Missa, sua mãe e seus irmãos se aproximaram para receber sua primeira benção. Sua mãe não podia conter suas lágrimas, tanto da emoção como da dor de pensar na ausência de seu esposo, cujo sacrifício havia feito possível a ordenação de seu filho. Como era costume, o novo padre celebraria sua primeira missa na Igreja de seu povoado, na Igreja Sant’Anna. Na mesma Igreja na qual há 23 anos antes havia sido batizado, e onde havia recebido a primeira Comunhão e o Sacramento da Confirmação (Crisma).

Foi iniciada uma etapa decisiva em sua vida porque, naquele momento, começou o que podemos chamar, sem exagero, “ o mistério da Missa de Padre Pio ”: Mistério que poucos conheceram e pouquíssimos participaram naquele primeiro momento. O padre dizia a seus filhos espirituais “ Se vocês desejam assistir a Sagrada Missa com devoção e obter frutos, pensem na Mãe Dolorosa ao pé do Calvário ".


Enquanto isso, mais uma vez, a vida de Padre Pio continuou se desenvolvendo, por aproximadamente seis anos, naquele esconderijo de Pietrelcina, com breves interrupções, na tentativa de reintegrá-lo em algum convento. Sem aprofundamento, para aproximarmos melhor ao mistério daquela Missa, no mesmo ano da ordenação, em 1910, Padre Pio se ofereceu “ vítima pelos pecadores e pelas pobres almas do purgatório ”. Poucos sabem o imenso valor e o grande risco que envolve a oferta da vítima. Nós fomos preservados do sacrifício de Cristo, a quem todos devemos dar nossa contribuição com oferta pessoal. Mas quem se oferece como vítima, aceita verdadeiramente participar de tal sacrifício de modo heroico e frequentemente paga a sua generosidade com grande sofrimento para os quais não existe nenhum remédio humano.


Os refúgios de Padre Pio em Pietrelcina 

Pode-se dizer que em Pietrelcina, no trecho de sua casa, havia três centros entre os quais dividia seu tempo. O primeiro centro era a pequena Igreja de Santa Anna. Era neste lugar que celebrava a Missa, que poderia durar quatro horas. Foi o primeiro e principal lugar freqüentado por Padre Pio, que aos poucos começamos a compreender. À Missa de Padre Pio, todos corriam para poderem assisti-la; ela não era semelhante a nenhuma outra Missa; diferente de todas. Dom Giuseppe Orlando, alguém que sempre voltava lá, já preso ao lugar, disse em poucas palavras: “ A sua Santa Missa é um mistério incompreensível ”. À luz daquilo que é dado como verdade, podemos afirmar que com a sua ordenação sacerdotal, a Missa de Padre Pio era verdadeiramente um reviver da Paixão de Cristo.

O Segundo é na direção da Ladeira Castello. Lá havia uma velha “pequena torre”. Ela poderia testemunhar a solicitude orante daquele homem: muita oração, muita união com seu Senhor.

O Terceiro é um olmo (tipo de árvore) no alto da colina de Piana Romana, um pouco distante da casa dos Forgione. Lá, o pequeno Francesco já se refugiava para rezar e estudar quando era pequeno, à sombra daquela árvore. Neste local o sacerdote também passava longas horas de oração, de meditação da Paixão do Senhor, tanto que seus familiares, sabendo ser um local muito importante, construíram lá uma pequena cabana com uma cama de palha que pudesse ficar até a noite, durante sua estadia.


Os Estigmas invisíveis 

Durante seu primeiro ano de ministério sacerdotal, em 1910, enquanto rezava embaixo do olmo, Padre Pio recebeu os estigmas invisíveis. Em recordação a este fato é que se construiu naquele local uma capela. Em uma carta que escreve a seu diretor espiritual os descreve assim: “ Em meio das mãos apareceu uma mancha vermelha, do tamanho de um centavo, acompanhada de uma intensa dor. Também sob os dois pés sinto dor ”.

Estas dores na mãos e nos pés do padre Pio, são os primeiros indícios dos estigmas que foram invisíveis até o ano de 1918. Uma vez a dor que o padre Pio experimentou foi tão aguda, que sacudiu as mãos, as quais sentia que lhe queimavam.

Este tempo em seu povoado natal foi um período de grandes combates espirituais com o demônio, mas também de grandes consolos através de êxtase e fenômenos místicos, tanto interiores como exteriores, espirituais e físicos.

O demônio aparecia-lhe de distintas maneiras. Algumas vezes até na aparência de animais, de mulheres bailando danças impuras, de carcereiros que o açoitavam e inclusive sob a aparência de Cristo Crucificado, de seu Anjo da Guarda, São Francisco de Assis, a Virgem Maria, também sob a aparência de seu diretor espiritual, seu provincial. Mas, depois destes assaltos do demônio, era consolado com êxtases e aparições de Jesus, a Santíssima Virgem Maria, seu Anjo da Guarda, São Francisco e outros santos.

No dia 12 de agosto de 1912 experimentou pela primeira vez a “chaga do amor”. O Padre Pio escreveu a seu diretor espiritual explicando-lhe o sucedido: " Estava na Igreja fazendo minha ação de graças depois da Santa Missa, quando de repente senti meu coração ferido por um dardo de fogo fervendo em chamas e eu pensei que ia morrer”. Suportou o impacto da perfuração do coração e quase que uma vez por semana era submetido à flagelação e à coroação de espinhos. Se durante sua infância e novamente nos anos preparatórios ao sacerdócio, sua meditação constante era a Paixão do Senhor, que o fazia derramar muitas lágrimas, agora, não se tratava somente de meditar o sofrimento de Cristo, mas de vivê-lo na própria carne. E esse era apenas o início!

Por sete anos, Padre Pio permanece fora do Convento, em Pietrelcina. Naturalmente, esta vida estava em contraste com a regra franciscana e alguns irmãos frades se queixaram disto. Foi então quando o Superior Geral da Ordem pediu a Sagrada Congregação dos Religiosos a exclaustração do Padre Pio. Foi um golpe muito duro para ele e em um êxtase se queixou com São Francisco de Assis. A Congregação dos Religiosos não escutou a solicitação do Superior Geral e concedeu que o padre Pio continuasse vivendo fora do convento, até que estivesse completamente restabelecida sua saúde.


A prática de seus deveres, a memória de sua missão substituía o esforço do dever cumprido. Foram anos caracterizados por um cotidiano em que se alternavam as visões diabólicas e os estados de doçura. Resistiu a tudo isso até 17 de fevereiro de 1916.


De volta à vida monástica do Convento

No dia 17 de fevereiro de 1916, o padre Pio saiu de Pietrelcina rumo a Foggia, onde os superiores o chamaram para dar um serviço espiritual. Padre Pio obteve tarde a possibilidade de confessar, que em geral é conhecida poucos dias após a ordenação sacerdotal, até mesmo em prévio exame de teologia moral. Em Pietrelcina, dirigia espiritualmente qualquer pessoa, que lhe era confiada por meio de correspondência postal. Será também esta, a direção espiritual através de cartas, uma das características do padre.

Graças a as orações de Rafaelina Cerase, uma Senhora muito enferma e perto da morte, o padre Pio pode regressar definitivamente a vida comunitária. Esta boa Senhora se ofereceu a Deus como vítima para que o padre pudesse ouvir confissões e com isso trazer grande beneficio às almas.

Ainda que o padre nunca mais pudesse regressar a Pietrelcina, seu amor por ela nunca diminuiu. Durante a Segunda Guerra Mundial, o padre, referindo-se a seu povoado disse: “ Pietrelcina será preservada como a menina de meus olhos ”.

E antes de morrer, falando profeticamente disse: “ Durante minha vida tenho favorecido a São Giovanni Rotondo. Depois de minha morte, favorecerei a Pietrelcina."

Em Foggia no convento de Santa Anna, como era chamada aquela comunidade capuchinha, Padre Pio não teve aquele grave distúrbio de vômito, que o impedia de ingerir os alimentos, o que o deixou feliz para, finalmente, viver em comunidade e conviver com a grande pobreza daqueles seus confrades.

A permanência de Padre Pio em Santa Anna não foi totalmente pacífica. Apesar de muito agradar aos confrades, a presença do sacerdote dedicado à oração e ao mesmo tempo alegre e divertidíssimo na hora da recreação, ocorreram situações que o colocaram em grande confusão. Freqüentemente, sobretudo à noite, escutavam murmúrio de vozes e pancadas que aterrorizavam os pobres frades. Padre Pio desculpou-se com o superior e deu-lhe a seguinte explicação: O demônio o tentava de todas as formas, mas ele lutava e vencia sempre. Porém ficava exausto, todo banhado de suor, e os confrades tinham que ajudá-lo a se trocar. Ele sempre permanecia sereno e tratava de transmitir, desse modo, sua serenidade aos outros.


Primeira visita a São Giovanni Rotondo 

No dia 28 de julho de 1916, Padre Pio chega a São Giovanni Rotondo pela primeira vez. San Giovanni Rotondo era então uma pequena vila na península do Gargano, rodeada por casas muito pobres, sem luz, sem água potável, sem caminhos pavimentados e sem formas de comunicação modernas, muito parecido à forma de vida nas vilas pequenas daquele tempo. O monastério se encontrava a uns dois quilômetros do povoado e para chegar a este, era necessário ir de mula. O monastério contava com uma pequena e rústica Igreja de Nossa Senhora das Graças do século XIV.

De fato, o padre rapidamente se adaptou ao ar puro, tanto que foi pedir ao superior permissão para prolongar por mais tempo sua estadia; sentia-se razoavelmente bem fisicamente, mas haveria ainda outras coisas, como Jesus lhe disse. É difícil saber se Ele revelou tudo o que haveria de acontecer em todo o resto de sua vida; certamente foi advertido que aquele era o local de seu apostolado.

Ele se mostrava contente e os frades estavam bastante contentes com ele. Mas havia alguém a quem aquela adaptação não agradava. Em seu íntimo, foi travada uma tremenda luta. Sentia-se “ exposto a Satanás ”, que seguramente não havia querido vê-lo naquele lugar. Sentia-se assaltado pela tentação contra a fé, de tal maneira a escrever: “ Que mistério eu sou a mim mesmo! ”. Deste modo, firme para guiar a alma, sentia-se e sempre se sentiu, por isso, fraco e inseguro com relação à sua pessoa.

Não foi só o maligno a perturbar Padre Pio na aparente quietude de San Giovanni. Havia a Primeira Grande Guerra. Até o padre foi convocado a servir e, até 16 de março de 1918, a sua vida foi um sucessivo de viagens e retornos, de visitas médicas e de licença de convalescença. Foi para ele um período muito duro, pelo esforço físico ao qual foi submetido; mas também pelos comentários e comportamentos de seus companheiros; e, sobretudo, pela freqüente impossibilidade de celebrar a Missa. Em compensação, comoveu meio mundo por quem era impelido a sacrificar-se.


No convento lhe foi dada uma particular missão: Era diretor espiritual dos frades, todos, entregues ao frei. Padre Pio dedicou-se a eles com todo o seu empenho: Lá, confessava, teve breve conferência espiritual, rezava por eles, lutava por eles contra o demônio e, conforme sua total generosidade se ofereceu ao Senhor, vítima, por eles. Mas logo começou uma nova função ao frei. Começou aumentar as pessoas em seu confessionário, tanto que em pouco tempo já tinha toda a manhã ocupada. Confessava, fazia direção espiritual e acompanhava as pessoas também por carta. A atormentá-lo, não era somente o demônio. O Senhor tinha para si aquele frei de desígnio especialíssimo, e se não lhe ensinava doçura espiritual, cada vez com mais profundidade, preparava-o sempre para desenvolver um sinal visível de Sua imagem.


Dez anos de isolamento (1923-1933)

Demasiadamente esquecidas são as criaturas humanas, com muitos defeitos humanos. Um desses defeitos é o fanatismo. O encontramos continuamente em torno de pessoas que, por motivos diversos, causam entusiasmo.

O encontramos ao redor de Jesus e de muitos santos; o encontramos perto de atores ou políticos, de cantores ou de esportistas. Não se pode destruir o homem pelos defeitos dele; não se pode suprimir um movimento porque tem indícios de desordem. Pior ainda quando, para punir os exaltados, culpam um inocente. Sim, acredito em cortar o mal pela raiz; foi como Jesus sugeriu quando referiu-se a isso (na noite em que foi entregue): “Persigam o pastor e o rebanho será destruído” ( Mt 26,31).

 Já começaram em junho de 1922, quando seu pai espiritual, padre Benedetto, proibiu Padre Pio de todos os contatos, verbais ou escritos. Devemos reconhecer que padre Benedetto foi por doze anos, de 1910 a 1922, um ótimo diretor espiritual, sábio e prudente.
As medidas contra o padre eram feitas progressivamente, sempre mais e mais pesadas. Ordenava a transferência de Padre Pio e proibia que celebrasse qualquer Missa em público. Foi concedido celebrar em particular, aos internos do convento e, sobretudo, proibiram-no de confessar.

Quando, uns dias depois, padre Raffaele teve a dolorosa incumbência de comunicar-lhe sobre o decreto do Santo Oficio, Padre Pio respondeu humildemente: “Seja feita a vontade de Deus”. Por outros dois anos, viveu como um encarcerado (esta era a sua impressão).
Como consequência, o padre Pio passou 10 anos, de 1923 a 1933 asilado completamente do mundo exterior, entre a paredes de sua cela. Durante estes anos não apenas sofria as dores da Paixão do Senhor em seu corpo, também sentia em sua alma a dor do isolamento e o peso da suspeita.


SUA HUMILDADE, OBEDIÊNCIA E CARIDADE NÃO DIMINUÍRAM NUNCA. 


O Santo Sacrifício da Missa 

Padre Pio se levantava todas a manhãs as três e meia e rezava o oficio das leituras.

Foi um sacerdote orante e amante da oração.

Apenas repetia: "A oração é o pão e a vida da alma; é o ar do coração, não quero ser mais que isto, um frade que reza".

Celebrava a Santa Missa nas manhãs acompanhado de dois religiosos.

Todos queriam vê-lo e até toca-lo, mas sua presença inspirava tanto respeito que ninguém se atrevia a mover-se no mais minimo.

A missa durava quase duas horas e todos os presentes se submergiam de forma particular no mistério do sacrifício de Cristo, multidões se colocavam apertadas ao redor do altar detendo a respiração.

Padre Pio vive a Santa Missa, sofrendo as dores do Crucificado e dando profundo sentido as orações litúrgicas da Igreja.

Quando dizia: "Este é meu corpo. Este é meu sangue", seu rosto se transfigurava.

Ondas de emoção o sacudiam, todo seu corpo se projetava em uma muda imploração.

"A missa", disse uma vez a um filho espiritual, " é Cristo na Cruz, com Maria e João aos pés da mesma e os Anjos em adoração. Choremos de amor e adoração nesta contemplação".

Padre Pio amava a Jesus com tanta força, que experimentava em seu próprio corpo uma verdadeira fome e sede d´Ele.

"Tenho tal fome e sede antes de receber a Jesus, que falta pouco para que morra de angustia.

"O mundo, dizia o padre Pio, pode existir sem o sol, mas nunca sem a Missa".

Em uma ocasião lhe perguntaram se a Santíssima Virgem Maria estava presente durante a Santa missa, ao qual ele respondeu: "Sim, ela se coloca ao lado, mas eu a posso ver, que alegria."

Ela está sempre presente.

Como poderia ser que a Mãe de Jesus, presente no Calvário ao pé da cruz, que ofereceu a seu filho como vítima pela salvação de nossas almas, não esteja presente no calvário místico do altar?".


Mártir do Sacramento da misericórdia


Quem participava na celebração Eucarística do Padre Pio não podia ficar tranquilo em seu pecado.

Depois da Santa missa, o Padre Pio se sentava no confessionário por longas horas, dando-lhe preferência aos homens, pois ele dizia que eram os que mais necessitavam da confissão.

Era severo com os curiosos, hipócritas e mentirosos, e amoroso e compassivo com os verdadeiramente arrependidos.

Um dos dons que mais impressionava as pessoas era que podia ler os corações.

Um exemplo disso sucedeu um dia em que o padre se encontrou com um jovem que chorava sem importar-se com as pessoas que o rodeava.

O padre se aproximou e lhe perguntou o porque de seu pranto.

O jovem respondeu que "chorava, porque não lhe havia dado a absolvição".

Padre Pio o consolou com ternura dizendo: "Filho, vês, a absolvição não é que te tive negado para mandar-te ao inferno mas sim ao Paraíso".


O apostolado da alegria 

Padre Pio era um homem muito duro contra todo tipo de pecado, mas terno, jovial e amante da vida.

Era um conversador brilhante, com a astúcia para manter suspenso a seus ouvintes.


Cura milagrosa 

Um das curas mais conhecidas do padre Pio foi a de uma menina chamada Gema, que havia nascido sem as pupilas nos olhos.

A avó desta a levou a São Giovanni Rotondo com a esperança de que o Senhor fizesse um milagre através da intercessão do padre.

O padre a abençoou e fez o sinal da cruz sobre seus olhos.

A menina recuperou a vista, ainda que o milagre não terminou ali.

Gema viu desde esse momento, sem nunca ter pupilas.


Quando adulta, Gema entrou na Vida Religiosa.

Os filhos espirituais de Padre Pio

Os filhos espirituais vinham com frequência se confessar com ele. Mas havia um outro meio, acompanhado, sobretudo da possibilidade de retornar até ele, e a qualquer um que assim desejasse. Bastava lhe perguntar, bastava lhe pedir para que fossem aceitos como seus filhos espirituais. Ele disse: “ Não chamo ninguém e não afugento ninguém ”.

Padre Pio era particularmente exigente com seus filhos espirituais; educava-os à dedicação, ao dever, à cruz, ao heroísmo, quando era possível fazê-lo. Um Jovem, em San Giovanni Rotondo, testemunhou o que havia acontecido com ele. Era costume, e como respeito piedoso, fazer em si o Sinal da Cruz quando passasse em frente a uma Igreja Católica. Um belo dia, estava se divertindo com dois amigos, ambos distantes da fé. Estavam passando diante de uma Igreja. Naquele mesmo instante, ouviu ao pé do ouvido uma voz a lhe dizer claramente: “Covarde!”. Imediatamente pensou estar sendo conduzido por Padre Pio. Logo percebeu a mensagem do padre, zombando dele; depois, bastante sério, ele havia dito: “ Desta vez foi assim; mas se o fizer de novo, pensarei que é um fujão ”.

Havia alguns dos filhos espirituais de Padre Pio que moravam em uma cidade bastante próxima a San Giovanni. Começaram a reunir-se; falavam de Padre Pio e de suas experiências com ele. Mas principalmente se dedicavam à oração; depois dos primeiros encontros, limitavam-se somente a rezar. Assim, nasceram os primeiros grupos de oração, ou as sementes dos futuros grupos encorajados claramente pelo próprio Padre Pio. Pode-se dizer que os grupos de oração foi um grande impulso da palavra do Papa Pio XII, especialmente a partir de 1947, insistindo na necessidade da oração.


Padre Pio dizia aos grupos: “Espalhem-se desde já, em todo o mundo”, e recomendou: “Reúnam-se periodicamente para a oração em comum. A sociedade de hoje não reza; por isso está em pedaços”.


O Anjo da Guarda de Padre Pio

Como seus tantos filhos Espirituais faziam para se comunicar com Padre Pio ? 
Havia os métodos normais: confessar-se ou ao ser recebido no parlatório para lhe falar alguma coisa , escreviam-lhe cartas, mandavam recados através de algum frei que o encontrasse com mais frequência …

Mas também havia um outro método, que muitos haviam experimentado; é um método mais rápido do que um telegrama ou um fax nos dias de hoje, que naquela época não existia: o recurso do próprio Anjo da Guarda. Era uma experiência para quando não se pudesse aproximar do padre, ou pela distância ou pela multidão de pessoas, muitos se voltavam com fé ao anjo da guarda de Padre Pio ou ao seu próprio anjo da guarda e a mensagem chegava pontualmente.

Tinha em Roma um confessor capuchinho, Padre Pio da Mondregañez, espanhol. Ele desejava muito encontrar-se com Padre Pio, mas não havia tido permissão. Ao sair para voltar a Roma fez a seguinte oração: “Se é verdade, como se diz, que o nosso anjo da guarda conhece Padre Pio e leva até ele nossas mensagens, diga-lhe que ao estar na Itália meridional irei me encontrar com ele”. No mesmo dia, o superior do convento lhe propôs: “Antes de retornar a Roma, quer ir até San Giovanni Rotondo?”. Aceitou com alegria e no dia seguinte já seguiu viagem. Quando esteve com Padre Pio, no final do encontro disse-lhe: “Padre, já esteve com o meu anjo da guarda?”. E Padre Pio: “Sim, ele veio uma vez, de Consenza”. Padre Pio tinha a missão de recordar, instantaneamente, todos os mistérios da fé: A paixão redentora do Senhor e a Sua misericórdia; a existência do paraíso, do inferno, do purgatório; e também a existência dos anjos, em particular, dos nossos anjos da guarda que nos auxiliam as vinte e quatro horas do dia, com uma solicitude extraordinária e a quem nós deixamos de lembrar.


Uma promessa de grande amor.

Um dia perguntaram ao padre Pio: - Jesus lhe mostrou os lugares de seus filhos espirituais no paraíso? - Claro, um lugar para todos os filhos que Deus me confiará até o fim do mundo, se são constantes no caminho que leva ao céu. “A promessa que Deus fez a este miserável”. - E no paraíso, estaremos perto de vós?

- Ah! Filha e que paraíso seria para mim se não tivesse perto de mim a todos meus filhos? - Mas eu tenho medo da morte. - O amor exclui o temor. O que chamamos morte, na realidade é o inicio da verdadeira vida. E logo, se eu lhes assisto durante a vida, quanto mais vos ajudarei na batalha decisiva!

A vida do padre Pio está tão cheia de acontecimentos extraordinários que é necessário buscar as causas deles em sua vida íntima. Quem é chamado a servir na missão redentora de Jesus Cristo tem que sofrer muito moral e fisicamente. Estes Sofrimentos o purificam e elevam cada vez mais no amor de Deus. Em uma carta escrita pelo padre em 1913 dizia: ”O Senhor me faz ver como em um espelho, que toda minha vida será um martírio”. 

Desde que ingressou a vida religiosa até que recebeu os estigmas, a vida do padre Pio foi uma Via Crucis. Em 1912 escreve: “Sofro, sofro muito, mas não desejo nada para que minha cruz seja aliviada, porque sofrer com Jesus é muito agradável”. A uma filha espiritual lhe disse um dia: ”O Sofrimento é meu pão de cada dia. Sofro quando não sofro. As cruzes são as jóias do Esposo, e delas sou zeloso.”

 Uma casa para o alívio do Sofrimento físico


“Estava doente e vieste me visitar” (Mt 25,36)

O verdadeiro seguidor de Jesus Cristo tem uma particular sensibilidade para todo o sofrimento dos irmãos, em especial, dos enfermos. Lembrar-se das curas operadas por Jesus e na recompensa prometida. Devemos lembrar as fundações das ordens hospitalares e da construção dos hospitais, quase todos nascidos da obra piedosa.

Pelo espírito sensível de Padre Pio, havia motivos muito fortes que alimentavam essa sensibilidade; no seu coração já trazia cada necessidade dos irmãos. Havia uma experiência pessoal, o contínuo contato com as pessoas que, pessoalmente ou através de carta, lhe contavam todos os males e pediam sua ajuda. Pode-se dizer que Padre Pio sempre foi enfermo. Fortemente provado pelo sofrimento na própria carne, era bastante sensível aos males daqueles que continuamente o procuravam. O Padre tinha tanta compaixão pelos enfermos que se ocupava de todos os males. Mas não era possível colher a dor da humanidade. Mas é possível dar-lhe alívio. Padre Pio pensava, desde 1922, encorajado pela oferta que recebera com o seguinte objetivo: “para fazer o bem”. Mas, foi nos anos quarenta que seus desejos ganharam as primeiras formas reais e concretas. Três filhos espirituais, tiveram imensa atuação nos projetos de Padre Pio. Tal era o afeto que dedicavam ao Padre, que desde então passaram a viver próximo a ele. São eles: O farmacêutico Carlo Kisvarday, de Zara; O médico Guglielmo Sanguinetti, de Parma; O agrônomo Mario Sanvico, de Perugia. Rapidamente impulsionaram as obras do grande projeto. Em 9 de janeiro de 1940, o sonho começava a se concretizar, que haveria de ser continuada e crescer mesmo depois de sua morte. Então, eles, seus filhos espirituais, lhe asseguraram que, próximo à igrejinha delle Grazie, seria levantado um grande hospital.

Assim que a notícia foi publicada começaram a chegar ofertas de todas as partes: Da pequena oferta, comparável ao óbolo das fieis, à ricas ofertas que dispunham os grandes meios financeiros. É muito provável que o Senhor houvesse antecipado a obra através de uma visão. Não era de seu desejo que se falasse em hospital ou de clínica; uma casa familiar, que recorda o lar doméstico. E o propósito: Dar alívio a quem sofre, um alívio direto, antes de tudo, às almas e depois aos corpos. Era realmente uma obra de Deus e da caridade humana, sendo possível graças às ofertas que chegaram de todo o mundo.

Padre Pio também deixou claro a este respeito: “Esta casa é, antes de tudo, aos doentes carentes”. Mas desejava que todos fossem tratados igualmente, com caridade fraterna. Aqui o enfermo poderia se sentir um irmão sendo cuidado pelos irmãos. Em 5 de maio de 1956, somente depois de dez anos do início das obras, aconteceu a inauguração solene daquela tamanha obra caridosa. Com equipamentos moderníssimos, tornou-se um dos melhores hospitais da Europa, sem perder de vista aquela sua característica de casa de acolhimento fraterna.

A realização daquela incrível obra profundamente humana e ao mesmo tempo divina aconteceu durante anos de imensos martírios; foi realizada justamente durante aquele segundo período de perseguição (1952-1962) e que apesar da dor, é preciso comentar.

Precisamente, Padre Pio sempre repetia: “obra da Divina Providência”. Não foi à toa que São Paulo escreveu a Timóteo: “Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer perseguição (2Tm 3,12)”.

É bom lembrar que o ambiente fervoroso no meio do povo guardava também elementos de fanatismo. Nesse período houve um rápida troca de superiores no convento e na província de Foggia e transferência de freis de uma província a outra. Todos supostamente sob ordens. Depois começaram os procedimentos contra ele.


Se contra religiosos e sacerdotes foram tomados procedimentos injustos, contra Padre Pio se passou a controlar suas conversas privadas. E pior ainda: foi imposto ao padre Pio de celebrar a Missa em trinta ou quarenta minutos no máximo. Isso foi o cúmulo da incompreensão daquilo que era a Missa de Padre Pio, como nos primeiros anos, quando celebrava em Pietrelcina, levando até quatro horas.

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