sexta-feira, 22 de julho de 2016

As febres extraordinárias de São Pio de Pietrelcina

À semelhança de Cristo, que declarou ter vindo lançar fogo sobre a terra, também os santos vieram incendiar a humanidade com a chama do Divino amor.


Das muitas histórias contadas em torno da figura do Padre Pio de Pietrelcina, aquelas relacionadas às suas febres ocupam páginas particularmente impressionantes. No período em que era forçado a abandonar o convento para cuidar de sua saúde em casa, o frade italiano experimentava febres altíssimas, sem registros em toda a história médica, de modo que, não fossem os relatos e as observações de profissionais, se pensaria que os testemunhos a este respeito tinham sido inventados.
O corpo de Pio chegava a temperaturas tão elevadas que os termômetros normais chegavam a arrebentar. Em carta enviada a uma de suas filhas espirituais, a 9 de Fevereiro de 1917, ele contava: “Sinto que melhorei. A febre tão alta, que não havia termômetro capaz de medi-la, deixou-me há já alguns dias". Em outra de suas cartas, ele acrescentava: “O calor da febre era tão excessivo, que fazia rebentar o termômetro".
O Padre Paolino de Casacalenda, guardião do convento de San Giovanni Rotondo, conta que, na primeira vez em que se encontrou com o Padre Pio, este estava de cama. Vendo-o “com o rosto afogueado e a respiração um pouco difícil", decidiu tirar-lhe a febre: “Qual não foi o meu espanto quando, ao retirar o termômetro, me apercebi que o mercúrio, chegado aos 42 graus e meio, ou seja, ao ponto extremo dos termômetros vulgares, tinha feito pressão e, não podendo sair, tinha quebrado o reservatório onde estava encerrado". Curioso para saber até onde ia a febre de Pio, Paolino pegou um termômetro de banho e ficou ainda mais assombrado quando viu “na coluna que o mercúrio tinha atingido os 52 graus". Naquele momento, o frade ficou convencido de que se encontrava “frente a um indivíduo fora do vulgar".
O Padre Raffaele de Sant'Elia de Pianisi, que viveu muitos anos com o Padre Pio, conta que, em 1934, quando Dom Bosco foi canonizado, o seu termômetro subiu a 53 graus de febre. “Vi-o com os meus próprios olhos. O Padre, na sua cama, parecia autêntico fogo, devido ao calor. Para lhe tirar a febre, tínhamos utilizado um termômetro de banho". Algumas pessoas que assistiram à canonização de São João Bosco contam ter visto o Padre Pio em Roma, durante a cerimônia. “Eu sei muito bem que naquele dia o Padre Pio estava de cama, e não posso dizer até que ponto tais afirmações eram verdadeiras", diz o Padre Raffaele. “De resto, tudo era possível ao Padre Pio, de quem se contavam tantos casos de bilocação".
O doutor Giorgio Festa, que cuidou por muito tempo da saúde do frade de Pietrelcina, examinou regularmente a sua temperatura, duas vezes por dia, no decorrer de várias semanas. Para tanto, levou consigo “um termômetro especial, que serve para as experiências científicas e que é de uma precisão absoluta". Os registros variavam de 36,2 graus a impressionantes 48,5 graus. “Quando era atingido por temperaturas tão elevadas," escreveu o médico, “o Padre Pio parecia sofrer muito, sendo tomado por grande agitação na cama, mas sem delirar e sem as perturbações comuns que habitualmente acompanham alterações febris significativas. Ao fim de um ou dois dias, tudo regressava ao seu estado normal."
Interessado pelo caso do Padre Pio, o doutor Festa correu atrás de investigações específicas e descobriu que, das temperaturas mais altas até então registradas pelos médicos, nenhuma passava dos 44 graus, tendo tais ocorrências recebido o nome de “agônicas" ou “pré-agônicas", pois eram fatalmente seguidas de morte.
Tantos episódios, respaldados não só pelos relatos de quem convivia com São Pio de Pietrelcina, como pela própria ciência médica, são verdadeiramente milagres. Aliás, é impossível compreender a vida deste santo sacerdote sem recorrer ao auxílio sobrenatural. Toda a sua existência nesta terra foi inteiramente devotada a uma contínua e cada vez mais profunda manifestação de Deus, pela qual o santo assumiu para si as palavras do Apóstolo: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20).
De fato, a vida dos santos está repleta de histórias como essas, cheias de fatos extraordinários e comoventes, capazes de mexer com o coração até do cético mais obstinado. A caridade cristã realmente supera todas as medidas humanas e, à semelhança de Cristo, que declarou ter vindo lançar fogo sobre a terra (cf. Lc 12, 49), também os santos vieram incendiar a humanidade com a chama do Divino amor.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referência

  1. Renzo Allegri. Padre Pio – um santo entre nós. Paulinas, Lisboa, 1999. p. 94-97
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